As invenções
que o homem “desenvolveu” e consumiu, e as que ainda desenvolve e as consume,
não podem, penso, serem avaliadas apenas pragmaticamente, mas, também,
ontologicamente. Isto porque não penso que o homem deste ou daquele quadro
histórico seja um ser mais ou menos desenvolvido que outro; ou que esta ou aquela invenção seja mais ou
menos útil que outra.
Penso que o
homem é filho do seu próprio tempo. A mim isto significa dizer que todas as
expressões sociais, culturais, políticas, econômicas e religiosas, embora sejam
expressões de continuidade do “desenvolvimento” da história, a historicidade da
mesma é a expressão da territorialidade no seu contexto do tempo, ou seja, é
expressão de territorialidade do próprio homem na sua dimensão pessoal.
Portanto,
estando o homem pós-moderno aterrado numa territorialidade líquida, ao pensar
em comunidade, por exemplo, o seu sentido é posto dentro deste espírito líquido,
ou seja, a pessoa tem mais de 15 mil nos seus perfis lotados (Perfil Lotado I,
II e III), e, contudo, não tem a mínima ideia que são. Apenas foram adicionados
(e o verbo adicionar precisa ser entendido na sua plenitude nestes tempos
líquidos), no sentido de dizer que tal sujeito é, de alguma forma, popular. Até
recentemente eu estava aceitando todo e qualquer pedido de adicionamento, até
que me dei contar do desatino que estava cometendo. Agora, iniciei o processo
de exclusão. Bem, não estou aqui fazendo juízo de valores de quem tem Perfil
Lotado I, Perfil Lotado II, Perfil Lotado III e ad infinitum, mas, apenas lenda
um espírito reinante na pós-modernidade que não respeita quem quer que seja.
Ao pensar em
comunidade em termos de cristianismo, deveria ser visto que a proposta é uma
vivência guiada sobre os seus valores norteadores, como a vivência familiar, são
a-históricos (pai é pai, esposa é esposa e filhos são filhos). Ou seja, não
poderia vergar-se diante das alterações sofridas ao longo da história. Creio no
adaptar-se sem perder a essência.
De tudo o que
não se deve esquecer é que o perfil comunitário característico do cristianismo
é aquele que caracterizou a igreja do primeiro século.
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