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segunda-feira, 17 de junho de 2013

Tempos Líquidos e a igreja hodierna.

A mesmo lógica fenomenológica que rege a pós-modernidade, naquilo que Bauman chama de liquidez, visto nas suas mais diversas formas dentro dos processos sociais, em grande medida, tem influenciado de forma absurdamente estrutural a vida da igreja hodierna. De forma algum penso que devemos ficar inertes às transformações no mundo e, dentro de escolhas que coadunam com a nossa decisão macro existencial em servir a Cristo a partir do viver nele e por ele como O Paradigma inegociável. Todavia, o que se pode observar nos atuais tempos é um distanciamento colossal por porte daqueles que sustentam o discurso a partir do texto Sagrado, mas, paradoxal e diametralmente, agem absurdamente contrária no sentido prático e existencial.

Um dos referenciais de destaques utilizados por Cristo que caracterizam o relacionamento daquele que respondeu positivamente ao seu convite de segui-lo é a imagem da lavoura, da agricultura. Diz o mestre amado: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (João 15:1-5). Qual o elemento implícito que regula o sentido deste texto? O tempo! O tempo é o grande regulador de sentido nesta imagem da agricultura. O igreja moderna já não tem paciência para esperar o querer, agir e efetuar do Eterno! E para uma igreja impaciente a sua única alternativa que lhe resta é inventar "deus". 

Desta forma, Deus passa a ser objeto de mero consumo da religiosidade; fetiche de um desejo inconsequente notadamente confundido como direto. Desejo não é direto!Qualquer pode ter o desejo que desejar, todavia, de forma alguma isto lhe transmite o direito de executar o seu desejo desejado. Em termos de espiritualidade esta construção torna-se ainda mais regulada quando se percebe o sentido de soberania de Deus. A igreja moderno ignora a soberania de Deus, e ao ignorar, transforma Deus em mero desejo. Por isto, supostos aforismos, transvertidos de sentido de espiritualidade, que circulam no facebook mostram claramente como as pessoas vivem sob o signo da modernidade líquida, fluída; e, por assim dizer, estabelecendo uma convivência com a emancipação do tempo e do espaço, quando, equivocadamente, evocam o nome de Deus como sendo Já, simplesmente para deleite de um desejo imediato dos benefícios da Graça do Eterno. Puro egocentrismo religioso!

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Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.

Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.

Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.

Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
João 15:1-5
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.

Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.

Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.

Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
João 15:1-5

terça-feira, 4 de junho de 2013

Mal-estar da pós-modernidade e o assentamento religioso

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"O Mal-estar da pós-modernidade" e "Modernidade líquida" formam, no conjunto da obra, o que se considera Magnus Opus de Zygmunt Bauman. De fato são duas obras robustas. Em "O Mal-estar da pós modernidade", editado no Brasil em 1997, pela Zahar, Bauman indica que o título foi inspirado em Sigmund Freud, nomeadamente, "Das Unbehagen in der kultur" ( O Mal-estar na cultura), e o que, por questões diversas de tradução, ficou conhecido no Brasil como "O Mal-estar na civilização".

Pois bem! Bauman, na introdução, faz uma breve, senão, brevíssima visita ao desenvolvimento dos conceitos modernidade e civilização, centrando o argumento sobre o aspecto da liberdade, ou seja, como ela foi concebida na modernidade e como foi parida na pós-modernidade. Naquela se caracteriza como "excesso de ordem" e, por assim dizer, "escassez de liberdade". E assim, para caracterizar como a liberdade vai ser parida e, por assim, desenvolver-se no contexto da pós-modernidade. Desta forma, já não se tem o presente, passado ou futuro. Tudo é aqui e agora! A liberdade se configura como o apenas o "é". Isto produz um efeito inominável sobre a subjetividade humana. Como, por exemplo, a quebra do sentido de gênero.

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Stuart Hall, em "A identidade Cultural na pós-modernidade", afirma:
"Aquelas pessoas que sustentam que as identidades modernas estão sendo fragmentadas argumentam que o que aconteceu à concepção do sujeito moderno, na modernidade tardia, não foi simplesmente a sua desagregação, mas seu deslocamento. Elas descrevem esse deslocamento através de uma  série de rupturas nos discursos do conhecimento moderno".
Hall, apresenta cinco deslocamentos, os quais, vão formar o sujeito de ser do homem pós-moderno, de certa forma, "resultando nas identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas".

Penso, portanto, que é deste lugar  onde, nestes novos tempos, que a religiosidade e, por assim dizer, as expressões espiritualidade, tomou assento, faltando-lhe, uma ontologia estilística. O Deus líquido, no seu panteão hedonista, tendo inspirado os seus profetas a prognosticarem a já-não da existência do porvir, mas na intensificação do viver a vida centrado apenas no aqui-e-agora. Com isto há u m assentamento religioso no moldes da pós-modernidade. Um bom exemplo, foi uma das "pregações" do sr. Edir Macedo, onde ele diz que o primeiro milagre de Jesus - a transformação da água em vinho -, não serviu para absolutamente nada, pois não apresentou contornos de ganhos materiais individuais. Este é o homem religioso da pós-modernidade: fragmentado em si mesmo, no sentido de querer viver o aqui e agora no seu pragmatismo hedonista.