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sexta-feira, 7 de junho de 2013

A Vida Religiosa em Tempos Líquidos.

A comunidade religiosa, e, por assim dizer, a cristã e evangélica, mesmo tem o seu caráter espiritual como elemento essencial, não está imune às variáveis e contingências a que o mundo está exposto. Sejam benéficas ou maléficas.

Na introdução de "Tempos Líquidos", Bauman apresenta cinco elementos de mudanças, os quais, no dizer dele, "criam um ambiente novo e de fato sem precedentes para as atividades na vida individual, levantando uma série de de desafios inéditos. São estes os cinco desafios que Bauman apresenta: 1) As instituições não podem mais manter a sua forma por muito tempo, pois, se decompõem e de dissolvem mais rápido que o
tempo que leva para moldá-las e, uma vez reorganizadas, para que se estabeleçam. 2) Já há a separação e o divórcio é inevitável entre o poder e a política. 3)  A retração ou redução gradual, embora consistente, da segurança comunal, endossada pelo Estado, contra o fracasso e o infortúnio individuais retira da ação coletiva grande parte da atração que esta exercia no passado e solapa os alicerces da solidariedade social. 4) O colapso do pensamento, do planejamento e da ação a longo prazo, e o desaparecimento ou enfraquecimento das estruturas sociais. 5) A responsabilidade em resolver os dilemas gerados por circunstâncias voláteis e constantemente instáveis é jogada sobre os ombros do indivíduos.

No último parágrafo da introdução, Bauman faz uma afirmação, para mim desafiadora, sobretudo, para quem tem um coração voltado para a causa do evangelho com um compromisso cristocêntrico. Afirma: "É o momento de perguntar como essas mudanças modificam o espectro de desafios que homens e mulheres encontram sem seus objetivos individuais e portanto, obliquamente, como influenciam a maneira como estes tendem a viver suas vidas". 

Creio que, todo aquele que fez a sua decisão por Cristo, sob os fundamentos da fé que crer pelo entendimento, permanecerão com suas convicções sobre a cruz. Todavia, isto não altera em nada a realidade do fenômeno e, com ele, as consequências em todos os sentidos, como por exemplo, as relações familiares e comunitárias, no contexto, da igreja local. Assim, um cristão comprometido com o evangelho por inteiro, não pode pensar apenas no "eu sei em que tenho crido" para si, e, por assim dizer, os outros é que se "lixem". Será a forma mais insana e, por conta disto, a negação imediata desta declaração de prometimento. O verdadeiro comprometimento me faz pensar no outro. A minha força, e, creio que é apenas uma aparente força, por mais convicta que seja a crença e por mais que seja firme a fé. Pois, a nossa condição de homens e mulheres de fé, não nos transforma em deuses ou anjos. Continuamos humanos.

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